A vida dos três-maienses pelo mundo afora 5h1h2l
O doutorado na Espanha fez com que Felipe de Vargas Lewiski, 31 anos, fosse viver no continente Europeu, onde atualmente trabalha com projetos de pesquisas no setor automotivo 1o3ka

Morando em Valência, cidade banhada pelo Mar Mediterrâneo ao sudeste da Espanha, há quatro anos e meio, Felipe de Vargas Lewiski, 31 anos, buscou crescer profissionalmente no exterior, onde conquistou o título de Doutor em Engenharia Mecânica.
Filho de Rui Torzeski Lewiski e Delci Maria de Vargas Lewiski, Felipe iniciou seus estudos de graduação na Universidade Federal de Santa Maria, em Engenharia Mecânica, formando-se em 2015. Ainda na graduação, começou a atuar como bolsista de iniciação científica na área de motores de combustão interna.
Morar no exterior nunca foi algo sonhado pelo três-maiense. A ideia era ir para o mercado de trabalho, buscar algum emprego em sua área. Mas surgiu outra oportunidade. “Exatamente no final do meu mestrado em Engenharia Técnica pela UFSC, concluído em 2017, surgiu a possibilidade de concorrer a uma vaga para realizar um doutorado na Universidade Politécnica de Valência, Espanha”, revela.
Porém, para cursar o doutorado na UPV, era necessário fazer um mestrado na mesma universidade. Em 2019, Felipe concluiu o mestrado em Motores de Combustão Interna e, em seguida, iniciou o doutorado em Engenharia Mecânica, na mesma universidade espanhola, vindo a conquistar o título no ano ado.
Conforme Felipe, a janela para o exterior foi aberta por meio de um professor, com quem trabalhava no Brasil. O professor explicou que se tratava de um instituto de pesquisa que está dentro da universidade, muito reconhecido em sua área de formação.
Felipe também realizou um intercâmbio de três meses na Suécia, durante o último ano do doutorado. “Período que me proporcionou viver novas experiências em um país totalmente diferente da Espanha, tanto culturalmente como na parte de clima”, destaca. Na Suécia, trabalhou em um centro de pesquisas em motores, em Lund.
Com a conclusão do doutorado, Felipe recebeu a proposta para trabalhar como pesquisador na universidade em um modelo de pós-doutorado. Atualmente, trabalha com projetos de pesquisa que são basicamente financiados por empresas privadas do setor automotivo mundial.
Felipe também conta sobre as facilidades de bolsistas, como em seu doutorado, no continente europeu. “Além disso, o doutorado na Espanha e na Europa de maneira geral, é muito mais valorizado. Quem faz doutorado aqui tem um contrato de trabalho e recebe todos os benefícios de um trabalhador normal”.
A cidade em que o jovem doutor vive tem aproximadamente 790 mil habitantes e é capital da comunidade autônoma de Valência. A cidade com belas praias que atraem muitos turistas, principalmente alemães e ingleses. “Apesar de ser uma cidade grande, se vive como em uma cidade pequena. Não é aquela loucura que existe em cidades como Barcelona e Madrid, por exemplo”, ressalta.
Felipe na Ciudad de las Artes y las Ciencias, principal ponto turístico de Valência
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Costumes e culinária da Espanha 104a45
A cultura da Espanha, de maneira geral, é parecida com a do Brasil.
"O povo é bastante espontâneo. As pessoas falam alto e gostam de festas e bares. Porém, alguns costumes são realmente diferentes dos brasileiros. O horário de almoço geralmente é entre às 14h e 15h. O comércio local, com exceção de shoppings, grandes empresas e universidades, abre as 9h30min e fecha de 14h às 17h, quando alguns espanhóis ainda fazem a famosa siesta", revela.
Sobre a alimentação, Felipe destaca que o azeite de oliva é bastante consumido, assim como frutos do mar, peixes, verduras, frutas e o vinho, alimentos da culinária Mediterrânea. Entre os pratos espanhóis, ele ressalta a paella, um dos mais famosos do mundo. A paella é uma cultura entre as famílias e tradicionalmente feita em fogo à lenha.
“As melhores e as verdadeiras paellas podem ser provadas em Valência e levam basicamente arroz, galinha, coelho e caracóis”, comenta.
Além da paella, o jamón é outro alimento muito consumido. É obtido da perna traseira do porco, que se salga quando cru, lavado depois de alguns dias e posteriormente se deixa curar de forma natural durante meses ou anos.
Clima espanhol 2p4a69
O clima na Espanha é considerado um dos melhores da Europa, mas pode variar de norte a sul do país.
“O extremo sul pode ser muito quente, com verões que chegam a 40 graus e um inverno ameno. No norte do país, por exemplo, as temperaturas são mais baixas e, dependendo da cidade, é comum ver neve, principalmente nas regiões serranas”, conta.
Já na região onde mora, assim como em boa parte da Espanha, Felipe fala do clima Mediterrâneo.
“Apresenta invernos de pouca duração, de temperaturas amenas e secas, e verões quentes e longos”, conclui.
Adaptação a outra cultura 2cu6m
Sair da zona de conforto em que estava acostumado no Brasil foi um dos desafios enfrentados na Espanha. O modo como o espanhol conversa foi algo que o incomodava bastante. Felipe conta que as pessoas falam as coisas de forma bastante direta, “para mim sempre parecia ser um xingamento ou uma cobrança mais ríspida”.
Criar novas amizades e expressar ideias e opiniões também foram desafios encontrados em seu ambiente de trabalho.
Conquistas na Europa 5i6u5i
“A maior das conquistas foi sem dúvidas meu doutorado, e foi ele que também me proporcionou muitas outras boas oportunidades dentro da Europa”, diz Felipe. A possibilidade de estar trabalhando e desenvolvendo projetos junto a grandes empresas mundiais e estar em um instituto de pesquisas no setor automotivo foram grandes conquistas para o engenheiro.
O intercâmbio na Suécia foi outro feito importante. “Com ele tive a oportunidade de melhorar ainda mais meu inglês e conhecer uma cultura totalmente diferente da espanhola”, conclui.
Apesar das realizações, Felipe conta que a maior falta é de sua família e amigos. “Os churrascos de domingo e os finais de semanas com todos reunidos fazem muita falta por aqui”.
Cotidiano em Valência 362e61
O engenheiro trabalha de segunda a quinta-feira, das 9h às 19h, e às sextas-feiras, das 9h às 14h. Quando não está trabalhando, Felipe costuma praticar algum esporte, hábito que não abre mão. Ir à academia, jogar tênis ou correr.
“Nos finais de semana costumo me reunir com amigos para um churrasco, ir para bares tomar uma cerveja e também viajar a cidades que estão perto de Valência. Nos feriados mais longos, quando posso, gosto de sair viajar e conhecer novos lugares pela Europa”, conta.
Saúde pública 4b341j
Para Felipe, a Espanha tem um sistema público de saúde de qualidade, que cobre consultas de médicos, taxas de hospitalização em estabelecimentos públicos e medicamentos. Os serviços são classificados em dois grupos. Atenção Primária, com serviços básicos como consultas, exames e atendimentos de urgências e Atenção Especializada, que é direcionado para centros especializados e hospitais, de maneira ambulatorial ou em regime de ingresso.
A saúde pública é financiada pela arrecadação de impostos do governo e é istrada pelas Comunidades Autônomas. Todos os trabalhadores, por conta de seus honorários, são obrigados a contribuir. Dessa forma, se você trabalhar na Espanha você estará cadastrado no sistema de seguridad social do país e poderá solicitar o cartão de saúde, que dará o à saúde pública.
Custo de vida 6z4c11
O custo de vida na Espanha, comparado com outros países europeus, é barato. O que mais pesa no orçamento mensal é o aluguel. Alugar um simples apartamento em Valência, com um quarto e localizado na zona central, não custa menos de 600 a 700 euros (em torno de R$ 3 mil). O salário mínimo é de 1.000 euros (cerca de R$ 5 mil), e a média salarial é de 1.900 euros (aproximadamente R$ 9.600,00).
“Já na parte de alimentação, levando em conta o salário médio que a população recebe, a Espanha é um país onde se come extremamente bem, com qualidade e barato. Comparando com a minha experiência na Suécia por exemplo, posso dizer que os produtos de supermercado e alimentação de maneira geral, custam o dobro na Suécia”, conclui.
Relação do Trabalho 6t6i58
Segundo Felipe, os estrangeiros têm os mesmos direitos trabalhistas que os trabalhadores espanhóis. Normalmente as empresas adotam o modelo de trabalho de 40 horas semanais.
“Atualmente a Espanha possibilita 22 dias úteis de férias remuneradas a cada ano de trabalho. Os espanhóis são mais flexíveis quanto a isso. Se é uma empresa que não tem férias coletivas (que costumam ser em agosto), o trabalhador já pode pedir suas férias proporcionais ao tempo trabalhado a partir do segundo ou terceiro mês de trabalho”, comenta.
Conforme o engenheiro, são 14 salários durante o ano, ou seja são dois salários “extras”, que seria o décimo terceiro e décimo quarto. Um salário extra é pago no início do verão (final de junho) e outro no final de dezembro (Natal).
Felipe também fala sobre a aposentadoria na Espanha. “A idade mínima exigida para se aposentar é de 67 anos ou 65 anos quando forem creditados 38 anos e 6 meses de contribuições. Essa idade é tanto para homem, como para mulher”, revela.
Receptividade com estrangeiros 484t6v
De acordo com o três-maiense, o povo espanhol costuma ser receptivo com os estrangeiros. Porém, ele destaca que não chega a ser a receptividade calorosa que nós brasileiros costumamos praticar.
“O que posso dizer, é que sempre que precisei, eles estiveram dispostos a ajudar e auxiliar. É verdade que muitas vezes o pessoal que vem de turismo para Espanha sai com a impressão de que os espanhóis são grosseiros ou até mal-educados. Mas na verdade, essa maneira direta que todos tem de responder ou fazer suas colocações é algo natural da cultura deles”, comenta.
Volta ao Brasil 121k5k
O três-maiense revelou que iria permanecer em Valência até concluir o doutorado, mas como surgiu a oportunidade de trabalhar por mais um ano, adiou sua volta para o início do ano que vem. Normalmente ele vem ao Brasil duas vezes ao ano, em agosto, quando está de férias, e em dezembro, no recesso de Natal.
“Depois de quase 5 anos vivendo aqui, ter a família perto e poder desfrutar de momentos com ela e amigos são fatores que acabam ganhando um peso muito grande. Obviamente, não descarto a possiblidade de futuramente voltar a viver em algum país europeu”, diz.
Recado para quem quer ganhar a vida no exterior 3u1c2a
Felipe considera que a qualificação prévia na área que deseja estudar ou trabalhar é algo essencial, juntamente com o domínio de um idioma que facilite o processo.
“Muito importante sair do Brasil com algo já definido, com um visto para trabalho ou estudos, porque é a maneira mais fácil para que se consiga residir de maneira legal no país de destino. Além disso, tendo esses tipos de vistos é possível ter o a todos benefícios e serviços oferecidos pelo governo”, ressalta.
Pirinéus – Cordilheira montanhosa que é a fronteira natural entre Espanha e França
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