TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - DER ANZEIGER: O PRIMEIRO JORNAL DE TRÊS DE MAIO 5p5e3b
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DER ANZEIGER: O PRIMEIRO JORNAL DE TRÊS DE MAIO 51k3f
Otto João Clebsch, nascido em 16 de março de 1900, em Emmendingen, Alemanha, imigrou para o Paraguai com seus pais e mais sete irmãos em 1907, numa viagem que durou um mês da Alemanha até Buenos Aires, na Argentina.
De lá, a família viajou mais oito dias até alcançar o Porto de Assunción, no Paraguai, e depois mudou-se para Vila Rica, onde Otto frequentou uma escola alemã na qual aprendeu o guarani, língua oficial do país.
Aos 21 anos, com um país convulsionado por diversas revoluções e constantes mudanças políticas, não oferecendo mais oportunidades para quem buscasse trabalho, Clebsch decidiu mudar-se para o Brasil, e em Ijuhy conseguiu emprego na redação do jornal “Correio Serrano”, no suplemento em alemão “Die Serra Post”, onde aprendeu a falar o idioma português e aprimorou-se em jornalismo.
Em 1929, Clebsch fundou uma firma própria no ramo de livraria e bazar, com a qual, em 1930, se transferiu para a Vila Buricá, anexando a este ramo também uma tipografia.
Em 1932 fundou no povoado o primeiro jornal de Três de Maio, o “Der Anzeiger” (O Indicador), editado em língua alemã, o qual surgiu com o intuito de levar assuntos de interesse aos colonizadores de Buricá. A sede do jornal estava situada na Bomboniere da Charlote, nas proximidades da Rua Montevideo (atual Travessa Bruno Dockhorn).
Essa folha, gerenciada por Otto Clebsch, se apresentava como semanário alemão para as colônias da Serra e tinha como redator o Sr. F. F. Prauchner. Haviam também os colaboradores, entre os quais se destacava Alfredo Hohenreuther.
O jornal naquele tempo tinha um valor fora do comum, existiam poucos e com isso se trabalhava muito para a sua confecção, já que toda a operação era feita manualmente por falta de eletricidade. As fotos eram feitas em uma matriz de chapas metálicas chamadas de clichês, com chumbo derretido, numa operação comparada à de um mimeógrafo. O papel para a impressão vinha de Porto Alegre num tamanho em torno de 32 x 21 (o papel dos jornais da capital era 96 x 66) mas a falta de assunto na nossa região reduzia o tamanho. Buscava-se informações principalmente nas cidades de origem dos colonizadores e raras vezes se dispensavam as anedotas para preencher espaços vazios nas páginas.
Os jornais eram levados para os municípios vizinhos pelo chofer (como eram chamados os taxistas na época) Rodolfo Nass e pelos ônibus da empresa de Willy Jack, primeira empresa de ônibus fundada em Três de Maio em 1927.
Em 1938, Clebsch contratou como entregador do jornal um jovem de 17 anos, chamado Bruno Güttler, o qual logo se tornou tipógrafo do jornal juntamente com Gustavo Gerling.
Bruno Güttler nascido em Ijuhy no dia 26 de janeiro de 1921, era filho de Ricardo Güttler e Berta Zimmermann. Veio para Buricá em 1924, com seus pais e ainda menino começou a trabalhar numa fábrica de salames. Após começar a trabalhar na redação do Der Anzeiger, trouxe mais familiares seus para trabalharem no jornal, como seu pai, Ricardo, que ou a operar a impressão do jornal, e seu irmão, Kurt Güttler, que ou a trabalhar na composição do semanário.
Em 1939, numa época em que boa parte dos moradores de Três de Maio somente falava ou entendia o que era escrito em idioma alemão, o Der Anzeiger foi obrigado a ser impresso em língua portuguesa, devido a perseguições políticas da época, e seu nome mudou para O Anunciador.
As guerras também mereciam especial destaque pelo fato da maioria dos pioneiros serem alemães, e por isso, eram diariamente perseguidos como consequência das políticas nacionalistas do Estado Novo de Getúlio Vargas que visava criar uma identidade brasileira homogênea e considerava certos grupos étnicos como “imigrantes indesejáveis”.
Assim, rapidamente o Der Anzeiger começou a perder alcance até parar completamente de ser fabricado.
Em 1940, Bruno Güttler casou-se com Anita Rutzen e neste mesmo ano, por convite do prefeito municipal de Ijuí, Otto Clebsch voltou com seu estabelecimento para aquele município, até vendê-lo em 1945.
Mas a Vila Três de Maio não ficou desamparada em matéria de jornais. Outros jornais que vinham para o povoado nesta época eram "O Missioneiro", de Santo Ângelo; "Die Serra-Post", de Ijuí e o "Neue Deutsche Zeitung", de Porto Alegre.
Mais tarde outros jornais locais surgiram como “O Imigrante”, a “Tribuna Livre” e “O Pioneiro”, jornal universitário que circulava na região mensalmente com diversos editoriais sendo produzido pelo DACOSI – Diretório Acadêmico Costa e Silva da Faculdade de istração de Empresas fundada em 1970 no município.
Já em agosto de 1972, foi fundado pelos sócios Ari Rieger, Guinter Wünsch, Luís Seccon, Antônio Carlos Borges e João Seno Bach, o jornal “A Integração”, tendo como redator e colunista João Seno Bach.
No dia 16 de junho de 1988, Sandro Rambo e Joelson Nunes colocaram pela primeira vez em circulação, em formato tabloide, a primeira edição do Jornal Semanal, impresso pela Samavi, contendo 12 páginas, dando ênfase aos editoriais de política, esporte e saúde, além de educação e opinião, ando a circular todas as sextas-feiras abrangendo as cidades de Três de Maio, Alegria, Independência e Boa Vista do Buricá. O Semanal continua circulando nos municípios de Três de Maio, Independência, Alegria e São José do Inhacorá, tendo como sócios Sandro L. Rambo e Amara L. Werle.
Desde o Der Anzeiger, todos estes jornais tentaram cumprir ou vem cumprindo com sua função de informar a população sobre os acontecimentos de seu tempo de forma prestativa e imparcial, função indispensável em sociedades onde a democracia consegue expressar o seu valor mais pleno.
Otto João Clebsch, fundador do Der Anzeiger, primeiro jornal de Três de Maio, veio a falecer no dia 14 de abril de 1981, em Agrolândia, Santa Catarina, deixando registros importantes de uma época em que os moradores de Três de Maio foram obrigados a mudar os seus costumes e esquecer as suas origens em troca de liberdade.
Revisão do Dr. Prof. Leomar Tesche
e do Historiador Orlando Trage.
Otto João Clebsch (de calça clara), fundador do Der Anzeiger,
ao lado do Sr. Reinoldo Peiter de Flor de Maio
"O Der Anzeiger foi produzido entre 1932 e 1940 e distribuído para várias localidades da região onde existiam famílias de origem alemã"
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