TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - A LIGA COLONIAL 172w37

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TRÊS DE MAIO  E SUA HISTÓRIA - A LIGA COLONIAL

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Com a quinta recondução de Borges de Medeiros à presidência do Estado, no dia 25 de janeiro de 1923 deu-se início a mais uma guerra civil no Rio Grande do Sul. 
Os ximangos, partidários de Borges de Medeiros, e os maragatos, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, iniciaram um embate que, como um rastilho de pólvora, se espalhou por todo o Estado e levou diversos grupos a pegar em armas.  
Logo os primeiros roubos a gado, assaltos às fazendas, assassinatos e estupros começavam a acontecer em várias localidades da região, e como uma forma de resistência durante este levante, criaram-se as “Ligas Coloniais”, formadas por um organizado grupo de pessoas que, de forma estruturada, se encarregavam da defesa em suas colônias
Para isto, era estabelecida a arrecadação de taxas mensais de todos os moradores para um fundo que custeava não só a alimentação e armamento destes grupos, como também um seguro para as famílias de seus membros. Se um dos homens do grupo fosse ferido ou morto, os demais eram obrigados a prestar-lhe todo o socorro, inclusive o de sustentar a sua família em caso de morte. 
A atuação dessas ligas foi muito importante para a preservação da segurança física e patrimonial de muitas áreas coloniais. Mesmo formando um contingente armado, havia um caráter autônomo e apartidário dessas ligas que não visavam o combate, mas sim apenas policiar suas áreas para impedir saques e combates no interior das colônias.
Em Buricá, Emilio Tesche, João Schweig e Carlos Nass, em conjunto com o Major Joaquim, responsável pela ordem na região, estabeleceram aqui também uma Liga Colonial. Albino Veronese foi o tesoureiro da liga, responsável pela arrecadação das taxas junto aos demais moradores. 
As ordens do Major Joaquim Rodrigues era não deixar os revolucionários cruzarem pelo território de Buricá, e este, inclusive, forneceu armamentos para os integrantes da Liga. Fredolino Tesche, filho de Emílio Tesche, então com 12 anos, participou da Liga com uma junta de boizinhos levando alimentos nas trincheiras abertas para cuidar do gado e dos cavalos dos colonos que aram a ser constantemente roubados pelos revolucionários. O centro da organização do grupo ficava na casa do próprio Emilio Tesche, e os prisioneiros ficavam na casa do Major Joaquim Rodrigues, até serem levados para Santo Ângelo. 
O filho do Major Joaquim, Capitão Vilarim, também tinha um grupo articulado de defesa, e certo dia este grupo resolveu entrar na Vila Buricá, quando Emilio Tesche barrou sua entrada, pois as ordens do Major Joaquim era de que não deixassem ninguém entrar. 
O Capitão Vilarim ameaçou entrar à força no povoado e foi aí que todos os colonos que formavam a Liga vieram ao encontro deles e ficaram de prontidão para atacar o grupo de Vilarim. Todos os integrantes da Liga Colonial estavam bem armados, inclusive com granadas de mão fabricadas pelo Sr. João Lorenzzoni. Os ânimos se esfriaram e os dois grupos acabaram resolvendo a questão de forma pacífica. 
Dias depois deste evento, houve um comunicado de que um grupo liderado por um tal de João Grande estava assaltando em Entrada da Barrinha, e imediatamente Emilio Tesche ou o comando para que João Schweig fosse para lá e cercasse o grupo.
Fortes piquetes de vigilância eram postados na entrada das colônias com o objetivo de comunicar imediatamente a aproximação de qualquer grupo suspeito que era obrigado a comunicar sua intenção de travessia da região com algumas horas de antecedência, sendo obrigados também a fazer esta travessia apenas durante o dia, e não podendo durar mais que 12 horas. 
A Liga Colonial da Vila Buricá somente se desfez quase um ano depois, com a chegada de uma força armada da Bahia ao povoado, tendo deixado marcada fortemente na memória daqueles que viveram naqueles dias a bravura e a capacidade de organização de nossos pioneiros diante das diversas intempéries de seu tempo.

Texto baseado no artigo “A Liga Colonial e a Revolução de 1923 em Defesa da Vila Buricá” do Dr. Prof. Leomar Tesche e em entrevista concedida por Fredolino Tesche a Rádio Colonial.

Liga Colonial de Três de Maio, em 1923. Atrás, o Hotel Laufer e a Farmácia Schünke.

 

 

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